postado 11/01/2023
por Santa Casa Lorena
Na noite de sexta-feira (6), a Santa Casa de Lorena realizou a primeira captação múltipla de órgãos de 2023, através da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) do Hospital de Clínicas da UNICAMP. O procedimento foi iniciado às 23h50 e encerrado às 02h20.
Após a confirmação da morte cerebral do paciente, a equipe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), da Santa Casa de Lorena, acolheu a família para dar o diagnóstico e solicitar o consentimento para a captação e doação dos órgãos.
A OPO da UNICAMP agradeceu aos profissionais da Santa Casa de Lorena e ressaltou que a dedicação e profissionalismo da equipe possibilitará a efetivação dessa jornada com a doação de dois rins, um fígado e duas córneas. Os órgãos doados vão para pacientes que aguardam na lista de espera por um transplante. Essa lista é única, organizada por estado ou região e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
Todo o procedimento foi garantido de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por financiar e fazer mais de 88% de todos os transplantes de órgãos no país.
“Infelizmente, às vezes o paciente chega muito doente e nós não conseguimos salvar, mas quando temos um diagnóstico de morte encefálica, temos também a possibilidade de salvar muitos outros pacientes. Por isso, agradecemos não por nós, mas pelas inúmeras pessoas que estão precisando. Só quem está fazendo hemodiálise, por exemplo, pode ter a real dimensão desse gesto de doação.”, afirmou Dr. Antonio Fernando, Médico Intensivista, Responsável Técnico da UTI Adulto, Diretor Clínico e Presidente da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa de Lorena.
Desde 2017, ano de fundação da CIHDOTT da Santa Casa de Lorena, a equipe da UTI registrou 29 mortes encefálicas e 6 captações múltiplas de órgãos (um percentual de 20%), que beneficiaram até 24 pessoas. Em relação aos 23 óbitos sem o procedimento de captação, 35% foi por falta de autorização familiar e 65% por idade avançada ou comorbidades do paciente.
Referência mundial em doação e transplantes de órgãos e tecidos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, de janeiro a novembro de 2021, foram realizados mais de 12 mil transplantes de órgãos pelo SUS no país.
Mas para quem está na lista de espera, a realidade é uma mistura de ansiedade e esperança pelo dia em que a vida recomeçará. Dados recentes do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) mostram que cerca de 34.830 pessoas ainda aguardam na fila por um transplante.
No Brasil, se você deseja ser um doador de órgãos pós morte encefálica, é preciso comunicar a família sobre essa vontade, pois somente os parentes podem autorizar a doação. “Pela minha experiência, sempre que o paciente declara o desejo de ser um doador, a família respeita essa vontade e a taxa de rejeição acaba sendo menor”, afirmou o Dr. Antonio Fernando.
O diálogo é essencial para permitir que cada vez mais pessoas voltem a desfrutar de uma vida confortável. Assim como a educação sobre o tema é fundamental para conscientizar a sociedade de que a morte cerebral é irreversível e de que o país tem um dos mais rígidos programas de diagnóstico de morte encefálica, estabelecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e chancelado pelo Ministério da Saúde. Além disso, os procedimentos ocorrem através de uma cirurgia tradicional e, ao fim do procedimento, o corpo é reconstituído, podendo ser velado normalmente.
Sem dúvidas, a morte de um parente é sempre um momento difícil, mas é nesse momento de perda que o sofrimento pode ser transformado num ato de esperança e numa prática que envolve muito altruísmo, ao possibilitar uma nova vida para pessoas que aguardam por um transplante e que poderiam vir a óbito em curto espaço de tempo.
Manifeste seu desejo de fazer parte dessa corrente do bem!